Sedentarismo triplica o consumo de medicamentos
- Oncohealth

- 30 de abr.
- 2 min de leitura
Um acompanhamento de oito anos demonstrou que indivíduos sedentários tendem a utilizar mais medicamentos ao longo do tempo. Com o envelhecimento, a atenção à saúde cardiometabólica se torna cada vez mais importante.

Uma pesquisa recente investigou, durante oito anos, os efeitos dos exercícios aeróbicos de alta intensidade sobre a síndrome metabólica — um conjunto de condições que inclui obesidade abdominal, hipertensão, e distúrbios nos níveis de glicose e lipídios.
Os resultados foram impressionantes: a prática consistente de exercícios, mesmo concentrada em períodos específicos do ano, apresentou benefícios comparáveis ao uso contínuo de medicamentos na manutenção da saúde cardiometabólica.
A síndrome metabólica, conhecida por agravar-se com o passar dos anos, é normalmente controlada por meio de dieta, atividade física e medicamentos, mas existiam poucas evidências sobre o impacto prolongado da atividade física em idosos até este estudo.
Publicado no Journal of Cachexia, Sarcopenia and Muscle, o estudo acompanhou rigorosamente por oito anos pessoas de 50 a 60 anos diagnosticadas com síndrome metabólica.
Os participantes foram divididos em dois grupos: um deles realizou treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) três vezes por semana durante quatro meses anuais, enquanto o outro recebeu apenas orientações médicas e nutricionais básicas.
Sedentarismo triplica o consumo de medicamentos
Após o período de estudo, foi observado que ambos os grupos apresentaram melhorias nos fatores associados à síndrome metabólica.
No entanto, uma diferença significativa chamou a atenção: aqueles que não se exercitaram melhoraram seu quadro à custa de um aumento de três vezes no consumo de medicamentos para controlar pressão arterial, glicemia e colesterol.
Já o grupo que praticou exercícios manteve estável o número de medicamentos utilizados, evidenciando que a prática de atividade física regular pode ter efeito terapêutico equivalente ao de múltiplos medicamentos, mas sem os riscos associados à polifarmácia nem os custos elevados.
O treinamento físico trouxe também outros benefícios notáveis. Aqueles que participaram das sessões de HIIT apresentaram aumento de 14% na capacidade aeróbica e de 4% na potência muscular máxima em testes de bicicleta, enquanto o grupo controle sofreu reduções nesses parâmetros, resultado natural do envelhecimento.
Mais força, mais autonomia, melhor qualidade de vida
O ganho em potência muscular é especialmente relevante: estudos indicam que maior força muscular está associada a melhor qualidade de vida, maior independência funcional e menor risco de mortalidade em idosos.
Um diferencial importante deste estudo foi a manutenção dos benefícios a longo prazo. Enquanto mudanças drásticas, como dietas severas ou rotinas extenuantes de exercícios, geralmente apresentam baixa adesão e resultados temporários, o protocolo deste estudo — apenas quatro meses de treino intenso por ano — mostrou-se viável e sustentável.
Outro dado importante foi a relação direta observada: no grupo que treinou, o fortalecimento muscular estava associado à redução da síndrome metabólica; no grupo controle, a melhora estava ligada ao aumento do uso de medicamentos.
Esses achados reforçam a importância do exercício físico como estratégia não apenas preventiva, mas também terapêutica para os problemas cardiometabólicos que surgem com o avanço da idade.
Em resumo, o estudo evidencia que a prática de exercícios de alta intensidade pode reduzir significativamente a dependência de medicamentos e melhorar a qualidade de vida ao longo do envelhecimento.




Comentários